Crimes acontecem a
qualquer hora, em qualquer lugar: jovem foi assassinada na quarta, em
tentativa de assalto.
Viver em segurança
parece uma meta cada vez mais distante da realidade dos cidadãos
paraenses. E não é apenas porque todos os dias os noticiários estão
repletos de episódios violentos. Para muito além desses casos, que
ganham destaque para um grande público, muitos outros ocorrem
cotidianamente. São histórias e mais histórias, que sequer são
acrescentadas às estatísticas, mas são conhecidas dentro de casa ou
pelas vizinhanças.
Na última terça (8), o desabafo de um
cidadão, revoltado com essa rotina estabelecida pelo medo, ganhou as
redes sociais. Foi como um grito. Um libelo vociferado por uma sociedade
cansada de discursos vagos e desinteressados do poder público:
“INSEGURANÇA TOTAL. Ontem bandidos armados e montados em motos (que
trafegam pela cidade, livremente, na contramão), assaltavam,
tranquilamente, nos bairros do Umarizal, Reduto, Nazaré e Batista
Campos. Daqui para o Natal, a tendência é piorar.
Estamos no caos. O Estado, efetivamente,
perdeu o controle sobre o crime. O que fazer? Exigir um posicionamento
das autoridades e, como sempre, rezar...”, escreveu o advogado Clovis
Malcher Filho. O depoimento do advogado foi reforçado pelos fatos
registrados na noite do dia 08, quando quatro assassinatos ocorreram em
apenas 3 horas, em Belém.
Um deles chamou a atenção pela audácia dos
criminosos e pela clara fragilidade da segurança pública. Um homem de 30
anos foi morto na calçada de uma agência bancária, na avenida Pedro
Miranda, exatamente a menos de 50 metros da delegacia do bairro da
Pedreira.
AO DEUS DARÁ
Naquele momento, por volta das 21h30, a
unidade policial estava fechada para reforma. Segundo testemunhas do
crime, o assassino conseguiu fugir tranquilamente, a pé, sem que ninguém
conseguisse impedi-lo. “É muita ousadia. A confiança está neles. Se
sentem seguros de que nada vai acontecer. Não temem a polícia e agem sem
medo”, comenta Paulo Fernandes, morador e taxista há mais de 30 anos na
Pedreira.
Além da ausência da Polícia Civil no bairro,
a ronda ostensiva da Polícia Militar também minguou. Prova disso é pela
mais de uma hora em que a equipe de reportagem esteve nas vizinhanças,
nenhuma viatura passou pela avenida Pedro Miranda, uma das vias mais
movimentadas de Belém, pela concentração de bancos e pontos comerciais.
Empresários já temem o agravamento da fragilidade da segurança no
movimentado mês de dezembro. José Sales, 40, pensa em contratar
segurança particular para a loja de confecções, ainda que localizada ao
lado da seccional. “Mesmo assim, nos sentimos vulneráveis”, desabafou.
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