Estado tem menos de um médico para cada mil habitantes: é menos da metade da média brasileira.
Uma das faces mais
cruéis das desigualdades regionais brasileiras é a falta de médicos para
atender a população. Levantamento feito pelo Conselho Federal de
Medicina mostra que as duas unidades da federação que registram as
menores relações de médicos por cada grupo de mil habitantes são o
Maranhão e o Pará, dois Estados que figuram regularmente no topo de
rankings de piores índices de desenvolvimento humano do País. O Maranhão
tem a relação de 0,79 médicos por mil habitantes. No Pará, ela é de
0,91. O Brasil tem, em média, 2,11 médicos para cada mil pessoas. A taxa
é próxima às de países desenvolvidos como Estados Unidos, com média de
2,5 médicos por mil habitantes, Canadá (2,4) e Japão (2,2).
Os dados do relatório Demografia Médica no
Brasil 2015 mostram que o Programa Mais Médicos, lançado pelo Governo
Federal em julho de 2013, não conseguiu resolver a falta de médicos em
locais mais isolados dos grandes centros urbanos. Belém é um exemplo:
soma 3,74 médicos para cada mil habitantes, enquanto a média paraense -
excluindo os médicos de Belém - é de apenas 0,3 médicos para cada grupo
de mil habitantes.
As regiões Norte (1,09 médico por mil
habitantes) e Nordeste (1,3) estão abaixo da média nacional. Nos sete
Estados do Norte, a razão varia de 0,91 a 1,51 médico por cada mil
habitantes. As outras três regiões têm números acima da média
brasileira. A região Sudeste conta com o maior número de médicos por mil
habitantes: 2,75, acima da região Sul, que lista 2,18, e da
Centro-Oeste, que tem média de 2,20.
Quando se comparam às unidades da federação,
o Distrito Federal tem 4,28 médicos por mil habitantes, seguido do
Estado do Rio de Janeiro, com razão de 3,75. O Estado de São Paulo vem
em terceiro lugar, com razão de 2,7, seguido do Espírito Santo, com 2,24
médicos por mil habitantes. Segundo Mário Scheffer, coordenador do
estudo Demografia Médica no Brasil e professor do Departamento de
Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (USP), nessa média não é considerado o número total de médicos,
mas o de registros, porque “um médico com dois registros tem de ser
contado nos dois Estados, porque ele é mão de obra para ambos”.
De acordo com o levantamento, mais de 400
mil médicos atuam no Brasil. O total de registros de médicos no País é
de 432.870, mas 33.178 registros se referem a registros secundários. Ou
seja, são de profissionais com mais de um registro nos conselhos
regionais.
SEM ESPECIALISTAS
A Demografia Médica no Brasil 2015 também
atualiza o levantamento sobre o número de médicos especialistas
titulados e sua distribuição entre as 53 especialidades médicas e entre
as 27 unidades da federação. Os dados mostram que a região Norte, além
de sofrer com a carência de profissionais para atender a população que
reside nos locais afastados dos grandes centros urbanos, sofre com a
falta de qualificação dos profissionais.
O estudo adota o termo “generalista” para
designar o médico sem título de especialista. Dos médicos em atividade
no Brasil, 59% – ou 228.862 deles – têm títulos de especialistas. Os
outros 159.341 (41% do total) são médicos generalistas, sem títulos de
especialistas. No Brasil, a razão é de 1,41 especialista para cada
generalista.
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