Uma das reclamações mais comuns entre os moradores de Ananindeua diz respeito ao saneamento.
Da entrada da casa
onde mora há cerca de 30 anos, a revendedora Maria de Jesus, 36 anos, vê
se repetir a situação de abandono encarada diariamente pelos moradores
do bairro do Icuí, em Ananindeua, na gestão do prefeito Manoel Pioneiro.
Sem asfalto, a rua de terra batida deixa à mostra não apenas a falta de
saneamento, mas também a situação de abandono em que se encontra o
município, que completa 72 anos de existência neste domingo (03).
“A gente acaba não tendo muito o que
comemorar”. Caracterizado pelo aumento do volume de chuvas, janeiro já é
esperado com preocupação pela família de Maria de Jesus. Com o acesso
já dificultado normalmente pelos pedregulhos, a rua Jader Barbalho
costuma ficar praticamente intrafegável quando tomada por água. Em meio
às enormes poças de lama que se formam mesmo diante de um chuvisco, não
há quem consiga sair de casa sem se sujar.
“Vira um lamaçal tão grande que a gente
não pode nem usar uma roupa branca. É uma tristeza”.Suficiente para
dificultar a vida dos que moram no local, a falta de iluminação também é
um problema constante. Quando as lâmpadas dos postes quebram ou
queimam, a troca não é certeza. “Fica perigoso demais porque fica um
breu”, conta a aposentada Lúcia Cardoso, 69 anos, preocupada com a
segurança. “Quando dá 22h já está todo mundo dentro de casa porque é
perigoso mesmo”.
ALAGAMENTO
Irrestrito ao bairro mais afastado, a
ausência de saneamento também é evidente em ruas do Conjunto Cidade Nova
V. Moradora da rua Oriente Médio, a cozinheira Marlene Rocha, 58 anos,
já perdeu as contas de quantas vezes viu as casas alagarem no local.
“Quando chove isso aqui vira um ‘rio’ que cobre tudo. Moro há mais de 20
anos aqui e nunca deram jeito nisso”. Às vésperas do aniversário de
Ananindeua, Marlene só conseguiu definir em uma palavra o sentimento
causado diante da via repleta de pedregulhos: “tristeza”.
Mais problemas também são constatados
onde já há asfalto. Na continuação da avenida Arterial 5 com a travessa
SN 24, no conjunto Cidade Nova VII, o muro que cerca uma creche sem
funcionamento serve de local para depósito de lixo. Em meio ao aumento
nos casos confirmados de zika vírus e dengue no Pará um amontoado de
pneus aumentam os riscos para a saúde. Restos de lixo domésticos e ossos
de animais também ficam à mostra.
Além do lixo, o estudante Walmir
Freitas, 18 anos, observa a quantidade insuficiente de espaços de lazer.
“Diziam que iam fazer uma praça nesse espaço aí que é só mato, mas essa
história nunca sai da palavra”. Tendo um esgoto despejado sem qualquer
tratamento ao lado de sua residência, a dona de casa Marluce da Silva,
59 anos, já pensa até em mudar de cidade. “Em Bragança, por exemplo, é
tudo ajeitadinho”, compara. “Eu já estou mandando construir uma casa
para lá”.
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