domingo, 6 de dezembro de 2015

Crise reduz chances de trabalho no Natal até para Papai Noel



 Quem trabalha como Papai Noel também sente o impacto da crise política e financeira no País na redução das ofertas de emprego temporário nesta época do ano por parte das lojas e shopping centers em Belém. Segundo esses profissionais, lojas de pequeno porte, como no Centro Comercial de Belém, diminuíram seus investimentos e poucas mantêm o Papai Noel chamando clientes. Nos shopping centers, o horário de trabalho foi reduzido. Mas a alegria das crianças, que parecem nunca se cansar de tirar fotos e saudar o Bom Velhinho, faz com que os Papais Noel de verdade superem adversidades e mantenham uma agenda cheia de atividades até mesmo na Noite de Natal. 
O repórter cinematográfico da TV Cultura e diretor de vídeo em publicidade e cinema, Jacob Elias Serruya, 52 anos, atua como Papai Noel há cinco anos. Ele conta que há algum tempo, quando andava pelas ruas ou a bordo de algum veículo no trânsito, costumava chamar a atenção de crianças. Mesmo sem usar barba. Com descendência judia, Jacob deixou a barba crescer, tempos depois. A jornalista Ana Paula Andrade sugeriu, então, que ele poderia trabalhar como Papai Noel. Após um teste com fotos em estúdio, Jacob acabou gostando da proposta, convencendo-se que parecia em muito com o Bom Velhinho. Com uma pequena ajuda dos amigos, ele passou a atuar no Parque Shopping, na avenida Augusto Montenegro, e, agora, está no Shoppping Center Bosque Grão-Pará, na avenida Centenário.
“Eu gosto muito de crianças. Penso que elas são anjos e nesse trabalho eu consigo unir o útil ao agradável”, afirma Jacob. Ele mesmo providencia sua roupa de Papai Noel, investindo cerca de R$ 1.400,00 no boné, jaqueta, calça, botas e cajado (com R$ 400,00, Jacob imcrementou o cajado com luz LED). “Eu penso que a crise atinge mais o Papai Noel de lojas de pequeno porte, nas ruas; no shopping, a gente tem trabalho regular”, observa. Jacob cumpre horário puxado no Bosque Grão-Pará, com horas de intervalo, de segunda a segunda.”Eu comecei no dia 21 e vou estar no shopping até o dia 24. Para a tarde e noite do dia 24 eu já tenho oito visitas a casas como Papai Noel e mais dois almoços no dia 25”, destaca, entusiasmado.
Cada “Papai Noel” tem uma história. No caso de João Carlos Oliveira, 50 anos, são 17 anos com o personagem no período natalino. “Eu iniciei esse trabalho na rua 15 de Novembro, em um armarinho. Eu ficava na frente do estabelecimento batendo sino e convocando o público”, relata. João conta que gosta muito do que faz. “Eu gosto de criança, de contato com gente”, afirma.
Este é o primeiro ano de João como Papai Noel no Pátio Belém. Mas ele também percorre escolas particulares e tem uma agenda cheia de eventos. No dia 1º deste mês, atuou voluntariamente na festa da Associação Voluntária de Apoio à Oncologia (AVAO/Hospital Ofir Loyola). No dia 17, ele vai estar na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Na sequência, terá outros compromissos, inclusive na véspera e na madrugada do Dia de Natal. João observa que o Papai Noel das ruas do Centro Comercial e dos comércios de bairros praticamente sumiu, com a crise econômica. “Houve uma queda, sim, na oferta de trabalho em relação a 2014, no pagamento, nos horários, e no Comércio praticamente não tem mais Papai Noel”.
CRISE
Irmão gêmeo de João, Miguel Oliveira, 50 anos, contabiliza 19 anos como Papai Noel. Este ano, ele interpreta o personagem no Parque Shopping Center. Miguel conta que investe cerca de R$ 2 mil na aquisição do blusão, calça, gorro, saco, botas, cinto e cajado de Papai Noel. “A crise atinge o Papai Noel. A oferta de emprego diminuiu e o tempo de trabalho com o personagem, também. Até as ajudantes do Papai Noel, as Noeletes, que antes eram duas por turno, agora é apenas uma”, afirma.
Miguel atua de 10 às 22 horas, com duas horas de intervalo - a cada cinco horas de trabalho, ele dispõe de uma para descanso. “O que me incentiva são as crianças, a alegria delas. Elas adoram tirar fotos com o Papai Noel, e eu me preparo para a jornada de trabalho”, observa. Miguel também atua como Papai Noel voluntário. Ele vai estar na festa natalina do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna no dia 16. Já no dia seguinte, Miguel comandará a festa das crianças do Aurá na casa de recepção Fuzuê, de 9 às 12 horas. “Eu gostaria de trazer no saco do Papai Noel o fim da crise para os brasileiros”, afirma.
Em uma visita rápida pelas ruas do Centro Comercial é possível observar que as lojas optaram por funcionários com o gorro de Papai Noel, em vez de contratar um “Bom Velhinho”. A situação sugere que nestes tempos bicudos, Papai Noel continua sendo sinônimo de sonhos e presentes, como espetáculo para crianças e adultos, mas também é bom se estar com os pés no chão.

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