domingo, 13 de dezembro de 2015

População já vive acuada pelo medo

População já vive acuada pelo medo (Foto: Marco Santos/Diário do Pará)
Um dos sete ônibus incendiados no fim de novembro: crimes sem reação.
Os assaltos e arrombamentos são os crimes mais contabilizados em bairros considerados “periféricos”. Foi o que apontou uma pesquisa sobre a violência em Belém, realizada com entrevistas feitas junto à população, nos meses de outubro e novembro, pelo Núcleo de Meio Ambiente e o Núcleo de Ação para o Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal do Pará (UFPA). As duas modalidades de crimes seriam as principais registradas em bairros como Bengui e Guamá. Quase todos os entrevistados relataram como um “pesadelo” o cotidiano de violência, marcado por prejuízos materiais e sentimentos de insegurança. 
“Os crimes não são somente nos estabelecimentos comerciais. Nas ruas mesmo, moradores de prédios e estudantes são constantemente roubados. A venda aqui é pela grade. Agora não tem hora”, diz Anny Azevedo, comerciante . “É algo que nos amedronta. A gente sabe que a violência está em todo lugar, ninguém está imune, mas aqui é difícil acontecer”, pondera Cláudia Silva, também moradora do conjunto Sabiá, no 40 Horas, em Ananindeua. “É o tipo de coisa que a gente só vê na TV. Nunca pensa que vai acontecer com a gente.” 
POR TODA A CIDADE
Enquanto moradores de bairros periféricos mais populosos se preocupam com a insegurança, a população de bairros “nobres” também compartilham a mesma sensação. O aposentado Venâncio Castro, 86, lembra que na década de 1950 costumava sair do trabalho às 2h da madrugada e seguia da avenida Castilhos França até a Vileta, no bairro do Marco, sem que nada ruim acontecesse. “Ano passado, eu estava com minha neta de 16 anos na porta de casa, às seis da tarde, quando um homem de bicicleta parou e colocou o revólver na minha cabeça. Queria o cordão. Está cada vez pior. Uma terra sem lei”, lamenta o morador de Canudos. 
Encantada com a beleza da cidade das mangueiras, a comerciante amazonense Ana Rita Ferreira, 52, frequentemente vem à capital visitar os 4 filhos estudantes que moram em um apartamento em Batista Campos. Ela se entristece com a violência, que aumenta a cada dia. “Outro dia minha filha foi assaltada às 15h na porta do prédio. A gente gosta demais daqui, mas é uma tristeza não poder sair de casa.”

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