Um dos sete ônibus incendiados no fim de novembro: crimes sem reação.
Os assaltos e
arrombamentos são os crimes mais contabilizados em bairros considerados
“periféricos”. Foi o que apontou uma pesquisa sobre a violência em
Belém, realizada com entrevistas feitas junto à população, nos meses de
outubro e novembro, pelo Núcleo de Meio Ambiente e o Núcleo de Ação para
o Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal do Pará (UFPA).
As duas modalidades de crimes seriam as principais registradas em
bairros como Bengui e Guamá. Quase todos os entrevistados relataram como
um “pesadelo” o cotidiano de violência, marcado por prejuízos materiais
e sentimentos de insegurança.
“Os crimes não são somente nos
estabelecimentos comerciais. Nas ruas mesmo, moradores de prédios e
estudantes são constantemente roubados. A venda aqui é pela grade. Agora
não tem hora”, diz Anny Azevedo, comerciante . “É algo que nos
amedronta. A gente sabe que a violência está em todo lugar, ninguém está
imune, mas aqui é difícil acontecer”, pondera Cláudia Silva, também
moradora do conjunto Sabiá, no 40 Horas, em Ananindeua. “É o tipo de
coisa que a gente só vê na TV. Nunca pensa que vai acontecer com a
gente.”
POR TODA A CIDADE
Enquanto moradores de bairros periféricos
mais populosos se preocupam com a insegurança, a população de bairros
“nobres” também compartilham a mesma sensação. O aposentado Venâncio
Castro, 86, lembra que na década de 1950 costumava sair do trabalho às
2h da madrugada e seguia da avenida Castilhos França até a Vileta, no
bairro do Marco, sem que nada ruim acontecesse. “Ano passado, eu estava
com minha neta de 16 anos na porta de casa, às seis da tarde, quando um
homem de bicicleta parou e colocou o revólver na minha cabeça. Queria o
cordão. Está cada vez pior. Uma terra sem lei”, lamenta o morador de
Canudos.
Encantada com a beleza da cidade das
mangueiras, a comerciante amazonense Ana Rita Ferreira, 52,
frequentemente vem à capital visitar os 4 filhos estudantes que moram em
um apartamento em Batista Campos. Ela se entristece com a violência,
que aumenta a cada dia. “Outro dia minha filha foi assaltada às 15h na
porta do prédio. A gente gosta demais daqui, mas é uma tristeza não
poder sair de casa.”
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